Este pequeno calor que você pode sentir

Quem ainda não sentiu aquele calorzinho:  

– emana de uma lâmpada acesa;  

– quando você carrega um celular;  

– sai de baixo de um liquidificador quando você o usa;  

– de algum lugar na geladeira;  

– da TV;  

– do radiador de um carro, pneus, escape, carcaça da caixa de câmbio;  

– ar condicionado;  

– do motor de um ventilador;  

– dos lados de uma panela na panela;  

– …  

Todo aparelho que usa energia “sempre” fica quente. Um pouco ou muito, mas fica quente. E esse  calor não é o que pagamos para obter luz, som, ventilação, “frio”, movimento, entretenimento,  trabalho. É o calor que é jogado no caixote do lixo termodinâmico em que transformamos a  atmosfera superior.  

No campo da física por volta de 1850 foi reconhecida uma “lei” que até hoje não foi contestada: a  Segunda Lei da Termodinâmica ou também a Lei da Entropia. Infelizmente, ao encontrar palavras  como física, termodinâmica e (pior ainda) entropia, a grande maioria dos leitores foge. Entretanto,  a Lei da Entropia os persegue inexoravelmente, mesmo que alguns levantem seus ombros e parem  de ler. Assim como somos inexoravelmente perseguidos pela luz do dia e pela escuridão da noite  que se aproxima. E por noite quero dizer aquele tempo de escuridão que é combatido pelas  lâmpadas que emanam aquele calor que sentimos. Cada lâmpada emite calor, em cada quarto,  em cada poste de rua, em cada estádio. Quantas lâmpadas estão queimando neste momento, na  noite giratória do planeta? Eu diria várias centenas de milhões, melhor vários bilhões, bilhões. E  todos eles emanam calor.  

Se enrolarmos uma lâmpada em um pano em poucos minutos, sentiremos que ela se tornou  muito mais quente do que sem o pano. Obviamente, não veremos a luz. E se o pano for grosso,  sentiremos que a temperatura será mais alta em menos tempo e talvez a lâmpada seja danificada.  O tecido impede que o calor passe para o ar ao redor e se acumula no tecido, elevando sua  temperatura e a do holofote. Da mesma forma que os gases de efeito estufa agem no planeta, eles  provocam o acúmulo de calor e elevam a temperatura. 

Sim, toda lâmpada, liquidificador, carro, motor, carregador, etc., etc., emite calor. Então, a  questão é: O que vamos fazer? Somos, dizem aqueles que dizem saber, cerca de oito bilhões de  pessoas no planeta com mais de uma lâmpada por pessoa e cada pessoa aspirando a uma  variedade de escravos eletromecânicos, de acordo com os condutores de um modo de vida  globalizado/globalizado no qual reinam as premissas do conforto e da velocidade, aumentando  tanto o número de escravos eletromecânicos quanto seu tempo de uso. E tudo isso emanando  aquele pouco de calor que você sente.  

Cuidar de um bebê é geralmente o máximo, por instinto e por aprendizagem. Requer gentileza,  presteza e bom julgamento tanto quanto intuição. Um bebê em seus primeiros meses realmente  requer pouco, mesmo que o comercialismo empurre a publicidade para satisfazer em excesso as  poucas necessidades cruciais da criança. Em paralelo, pode-se dizer que cuidar da energia (da  criatura), tão invisível quanto onipresente, requer delicadeza, presteza e bom senso, tanto quanto  intuição.  

O Energy Care, suspeito, requer hoje um aprendizado variado que leva a uma conduta delicada em  seu uso, que minimiza as conseqüências inevitáveis do manuseio de erros.  

Mauricio Gnecco Janeiro 2023